sábado, 28 de maio de 2011

a Fábula do batom

E de repente a manha cobriu de dor toda a face felizada das bochechas rosas por trás do batom vermelho provocante de inocência[...]
Tanta beleza pra tanta insensatez, é imoral não imaginar teu corpo nu sobre o meu... minha mente, meu corpo, minha boca, teu meu ouvido. Tão pouco tempo pra tanta coisa, bobagem mesmo é ignorar a pureza do sorriso sem o batom que tão sagaz foste capaz de retirar com a maior das cautelas possíveis.
E as lembranças eu não posso nem tentar contar, não posso. Pois é realmente não posso pois o vinho que acrescentou a cor do batom trouxe a lembrança doce do esquecer e eu já não me lembro mais. Nem do rosto, nem do cheiro, nem do cabelo, nem de nenhuma parte de ti que não esteja presente agora.
Eu realmente esperava mais da tua pele pálida sobre minhas curvas turvas. O suor que manchou o lençol não é capaz de dizer nada... nada mais. Antes foste posto no posto onde pendurou tua alma, que la esteve no cheiro da fruta fresca a qual não provei. E o batom que saiu, dessa fruta não teve o gosto, a cor, o cheiro e se quer a lembrança. Desejo meu agora, só se for cartografar teu corpo de pedaço em pedaço e botar num lugar de acesso único.
É besteira muita pensar que faz sentido, é burrice grande achar que tempo cura . Tempo afoga, curar mesmo só podes fazer por ti mesmo. Aproveitando que como o batom, perdi também os sentidos, os jeitos, a memória (mas não a tua memória)... eu finjo que esqueci o tamanho da estupidez do esperar-te.
O batom foi mesmo, mas se você voltar eu faço com que ele volte também moço.